Escrita espontânea
Depois de pintar o ser dos olhos cor do céu tive que pintar mais. Veio o Ser da lua, sério, com a lua foice em sua testa, olhos pequenos como os meus. Traços fortes, olhos marcantes, felinos, que me fitam infinitamente. Há na sua mente uma caverna cheia de luz dourada e uma lua azul, potente e bela, a me chamar para o mergulho na noite.
Diálogo
Eu: Quem é você?
Ser da Lua: Eu sou o ser da caverna dourada com a lua azul.
Eu: Por que você veio para mim?
Ser: Por que você me chamou.
Eu: Eu não sei por que te chamei. Quem é você?
Ser: Eu sou um leão-humano, eu sou um híbrido selvagem e transcendente. Eu sou as duas polaridades, a matéria e o espírito. A lua nasce na minha caverna dourada. Eu sei sobre os mistérios profundos, mas caço animais para me alimentar. Sou dia e noite ao mesmo tempo. Aceito a vida como ela é, não questiono, não me revolto, acato a minha situação humana.
Eu: Você está querendo me dizer que todos nós humanos somos assim como você? Você veio para me mostrar que eu sou assim?
Ser: Eu vim, porque você me chamou. Você está em processo de aceitação da sua humanidade. Você não é só espiritual e você não é só carnal. Você é tudo isso ao mesmo tempo. Mortal e eterna, sol e lua, masculino e feminino. Você é multicolorida, efêmera, mutante. A cada dia você é uma coisa, a cada dia uma manifestação divina, estados de alma, estados de espírito materializados nessas várias imagens.
Eu: Você está dizendo que vocês vieram para me mostrar a mutabilidade, a diversidade e a infinitude humana?
Ser: Nós viemos para te ajudar. Nós existimos para te ajudar.
Eu: Ajudar a que?
Ser: Ajudar no seu caminho, na sua caminhada. Nós somos anjos, guias, entidades, amigos, forças.
Eu: Eu reconheço a força eu você, eu reconheço a sabedoria em você, eu reconheço o mistério em você.
Ser: Eu sou um espelho
Eu: Você é uma esfinge. Eu te aceito e respeito o seu mistério. Agradeço a sua presença. Estou em processo de desvendamento
Ser: Eu estou aqui para ajudá-la.
Eu: Eu agradeço.