Simbiose,
Floresta de fêmeas.
Crepúsculo e aurora.
Medusa e semente,
Fissura, mutação.
Espirito da busca.
Escrita espontânea
Eu sou uma mulher árvore. Eu sou a mãe da árvore. A árvore nasce do meu ventre. Eu abro as pernas e me sinto semente, me sinto broto, rama, tronco, galho, folha e flor. Há uma energia que nos envolve, a mim e à árvore, uma energia luminosa e brilhante. A árvore se liga a mim por fios e eu me ligo à Terra por esses mesmos fios, raízes aéreas expostas. Todos nós interligados à matriz divina. Eu sinto uma energia na área genital, um grande prazer, uma força vital motriz, geradora, nutridora. A árvore me sustenta no ar. Todo o corpo é alçado ao alto por intermédio dessa simbiose. Eu dou a luz à árvore e ela me nutre. Eu sou as raízes da árvore. Eu me ofereço em sacrifício. Eu morro, para que possa acontecer o renascimento de mim mesma, árvore.
Diálogo entre a Mulher e a Árvore
Mulher - Quem é você? Você tem algo a me dizer?
Árvore - Eu sou uma árvore. Você é minha mãe. Eu sou forte e livre. Eu sou luminosa, eu tenho galhos, flores, folhas e frutos. Eu sou você.
Mulher - Eu estou pronta para o seu nascimento. A principio eu tive medo, me achei feia, vulgar, oferecida, com as pernas abertas, toda aberta.
Árvore - Eu sou intensa, eu sou grata por dar seguimento à floresta das mulheres.
Mulher - Eu sou suas raízes. Eu tenho medo. Eu tenho medo do que precisa morrer em mim. Eu tenho medo dessa entrega. Eu sou atraida por essa transformação e ao mesmo tempo tenho medo.
Árvore - Eu sou você, eu sou também vida e morte, assim como você. Eu sou a cabeça da medusa, eu sou as várias serpentes, sou todo o poder, o poder da vida e da morte.
Mulher-árvore - Eu sou semente de mim, sou grão. Eu sou mulher, eu sou árvore.